Há aqui um problema de organização da antologia, o que até tem sido coisa rara nestes pequenos livrinhos. É que Hubert e Minnie tem tantas coisas em comum com o conto anterior que quase parece apenas mais do mesmo. E isso não é bom para a experiência de leitura.
E também não é lá muito bom para Aldous Huxley, não só porque o seu conto vem a seguir ao de Rilke, pelo que é ele a sofrer o impacto da aparência de mesmice, mas também porque não me pareceu tão bem sucedido como o do autor austríaco.
De novo, temos aqui um casal em vias de qualquer coisa. De novo, a rapariga, apaixonada e disposta a tudo, vai descobrir da pior forma que o rapaz não está tão em sintonia com ela como supunha. De novo, é este e as suas dúvidas que quebram a união. Tudo mais ou menos igual à história anterior. Mas se o conto de Rilke parece servir-se destes clichés para atirar alfinetadas irónicas à forma de escrever dos românticos, o de Huxley parece mais uma forma de troçar das suas personagens.
Sobretudo da personagem feminina. Descrita como uma sensaborona, uma daquelas mulheres sem interesse nenhum para ninguém, um daqueles espíritos translúcidos que passam pelo mundo sem nele ter o mínimo impacto, Huxley — e após algum tempo o seu protagonista — parece perguntar a si mesmo por que raio haveria alguém de se julgar apaixonado por tal nulidade. E, inevitável e literalmente, a nulidade vê-se de repente abandonada, de coração partido, sem perceber o que raio lhe acontecera. Parece faltar alguma empatia a tudo isto, o que deixa um sabor amargo ao final da leitura.
Este conto podia ser melhor.
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