A Profecia é mais uma curta história de Mário de Sá-Carneiro, de novo em forma de diário que, uma vez mais, volta a dar expressão às obsessões mórbidas do autor. E desta vez de uma forma que justifica plenamente a sua integração no horror.
O diário, de novo, é de "um amigo" que, segundo a nota que prefacia o conto, se terá suicidado de uma forma que levantou toda a espécie de especulações e boatos. "Para repor a verdade", Sá-Carneiro publica excertos do seu diário, através dos quais se fica a saber que a morte do jovem se terá devido a uma profecia. Ficam em suspenso as certezas sobre se a profecia o era mesmo, ou se terá tratado daquelas profecias que desencadeiam o resultado que preveem (do género "o banco X vai desaparecer"). O enredo é, pois, bastante interessante; o estilo hiperssentimental em que o diário está escrito, no entanto, está longe de o ser. Ao mesmo tempo, a qualidade do português é irrepreensível, e somando tudo tem-se como resultado que esta será das histórias mais interessantes que o livro contém até ao momento.
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