terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Lido: Tragédia

Tragédia é o último dos pequenos contos iniciais de Mário de Sá-Carneiro e, como facilmente se compreende pelo título, o tom trágico mantém-se. Mas aqui já não encontramos a banalidade das tragédias de faca e alguidar que dominou vários destes continhos, antes uma reflexão adulta, e até bastante profunda para um conto tão pequeno, sobre o sofrimento e a necessidade, ou não, de o suportar. E é também mais um conto profético para a vida do seu autor. A história gira em volta de uma mulher que descobre que sofre de um cancro no fígado, à época ainda mais incurável do que hoje (embora já houvesse operações), e tenta levar o marido a abreviar-lhe o sofrimento, coisa que ele se nega terminantemente a fazer, numa discussão que, tudo o indica, espelha o dilema que o próprio autor atravessaria na época.

Este é um conto um pouco mais extenso do que os anteriores, e também significativamente melhor que a média, deixando vários dos outros bem longe. Só o final me parece ainda fraco.

Contos anteriores deste livro:

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