sábado, 19 de dezembro de 2015

Lido: A Verdade no Caso do Sr. Valdemar

A Verdade no Caso do Sr. Valdemar (bibliografia) é um conto de horror de Edgar Allan Poe cujo ponto de partida é uma experiência... médica, digamos assim. Trata-se de um depoimento, escrito por quem levou a cabo a experiência, alguém cujo interesse pelo hipnotismo (na verdade e no original trata-se de mesmerismo; a tradutora desta edição decidiu chamar-lhe hipnotismo, o que não é bem a mesma coisa) o levou a interrogar-se sobre o que aconteceria se se hipnotizasse um moribundo, alguém sem esperança de sobrevivência. Esse alguém foi o Sr. Valdemar a que o título se refere, e o depoimento resulta de o caso insólito a que a experiência deu origem ter supostamente resultado em grande interesse público, o qual, segundo o narrador, se revestiu de aspetos fantasiosos e distantes da verdade. A ideia é, pois, explicar o que se teria realmente passado, e por isso a experiência é descrita passo a passo. Não a revelo, pois é da sucessão dos acontecimentos que o conto se sustenta. Digo apenas que é uma ideia inteiramente lógica se se partir do pressuposto de que existe uma alma ou espírito que anima o corpo e de que o processo que leva ao mesmerismo reside na tomada de controlo (mesmo que parcial) sobre essa alma e, portanto, sobre o corpo que ela anima. O desfecho da história, bastante horrendo, nasce do conflito entre o processo natural da morte e o controlo de um terceiro sobre o espírito, que o retém.

O conto é muito bom. Na verdade, está tão bem feito, e jogou tão bem com as superstições da sua época, que foi durante bastante tempo encarado por muitos como relato verdadeiro. Talvez por isso, é também dos contos mais republicados de Poe.

Contos anteriores deste livro:

Sem comentários:

Enviar um comentário

Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de abusadores. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.