A Lenda da Noiva e do Forasteiro é um conto fantástico de Mia Couto, que mostra alguns sinais de ter sido baseado em alguma lenda realmente existente em Moçambique ou na África Meridional em geral (ainda que também isso possa ser artifício do autor). A história revolve em torno de um homem que chega com um cão a um lugar distante, onde a sua inesperada presença levanta toda a espécie de boatos, os quais se avolumam quando começa a desaparecer gente. Boatos de feitiçarias, de sobrenaturalidades, de malfeitorias mágicas, que as pessoas da aldeia decidem só poderem terminar se entregassem ao forasteiro a rapariga mais bonita que lá vivia: a noiva do título. Não noiva do forasteiro, pelo menos a princípio, mas de um rapaz cuja paixão pela rapariga também é brevemente relatada a fim de enquadrar o desenlace. É mais um bom conto, sobre amor e superstição, que traça em pinceladas largas, em segundo plano, a história dos amafengu, uma tribo banta expulsa das suas terras ancestrais pelos guerreiros zulu na primeira metade do século XIX (ainda que haja dúvidas sobre a veracidade dessa origem). Trata-se, portanto, de um conto fantástico com raízes profundas na realidade.
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