A Morte e a Bússola é um conto intersticial de Jorge Luís Borges, protagonizado por um tal Lönnrot, detetive minspirado por Auguste Dupin, a personagem de Poe, a que Borges faz referência logo no primeiro parágrafo do conto. Este é a história de uma investigação, como em qualquer história policial. Só que aqui a investigação segue um caminho apropriadamente labiríntico, fantástico ainda que mais num sentido atmosférico do que propriamente de enredo. Para perplexidade geral, Lönnrot não se interessa pelo desvendar dos crimes mas pelo padrão geométrico que lhes está subjacente. E acaba desvendando-o ao mesmo tempo que de investigador se metamorfoseia em vítima, no meio de uma especulação intelectual sobre a dimensionalidade do mundo. É outro grande conto, um conto altamente intelectual, como de resto quase todos, com umas pitadas de alegoria à impermanência e uma generosa dose de crítica à noção de livre arbítrio. Acho eu.
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