sábado, 12 de junho de 2021

Mia Couto: Os Anjos Embriagados

Depois de andarmos a passear por territórios croniquentos, eis-nos, com este Os Anjos Embriagados, de regresso a uma ficção mais assumida, mesmo se baseada em casos reais, e o "se" está ali em vez de um "que" porque não sei se é o caso. E aqui, de novo, Mia Couto escreve divertido, com um sorriso no canto de cada palavra.

A história é sobre um tal Joca, bêbado empedernido, e o seu irmão mais velho, Aússe. Este é sacristão, e assume a missão de retirar Joca da vida etílica levando-o consigo para a igreja. Só que na igreja há doses generosas de sangue de cristo, ou seja, de vinho, o que vai ter consequências para ambos os irmãos. O tempo, aparentemente, é ainda colonial, ou talvez não se acaso a igreja manteve linhas de demarcação raciais mesmo depois da independência (de novo não sei), pelo menos nos primeiros anos — Aússe lamenta-se por ser o único negro. Seja como for, há uma pitadinha de crítica social neste conto, temperado por uns pozinhos de ironia sobre a impotência da igreja perante as tentações mundanas. Mas sobretudo há muito humor, envolto no texto típico de Mia Couto.

Ou seja, este é mais um bom conto. Nada tem de fantástico, o que para mim é sempre pena (bem... quase sempre), mas é bom.

Textos anteriores deste livro:

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