Um conto intitulado O Ninho pode ser muitas coisas, mas o mais comum é tratar-se de relato campestre em órbita de alguma ave, mãe esforçada de um breve bando de pintos presos ao lugar em que nasceram. Especialmente naqueles géneros literários que não batem a asa para longe do realismo, deixando-se quedar pelos voos rasantes do comezinho, mesmo quando este se torna extraordinário. Sim, que na FC, por exemplo, um ninho poderia ser mesmo qualquer coisa. No neorrealismo, pelo contrário, já não. E este conto de Albano Mendes de Matos é neorrealista.
Logo, é um relato campestre, protagonizado por um miúdo que descobre um ninho de rola e tem prazer em acompanhar a vida da ave que o construíra e dos pintos que nascem dos ovos que essa ave põe. Até ao dia em que uma cobra estraga tudo.
Está bem escrito, o conto. Bem escrito e bem concebido, apesar de não trazer realmente grande coisa de novo. Um conto sobre os encantos e horrores do mundo natural e também sobre a amizade, um conto que funciona. Mas lá está: eu prefiro coisas mais imaginativas. Portanto não gostei tanto dele como outros leitores certamente gostariam. Em todo o caso, é um bom arranque para este livrinho.
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