Depois da experiência do penúltimo conto, não é difícil calcular qual foi o primeiro pensamento que me passou pela cabeça ao deparar com um título como As Três Princesas Pretas. Disseram "mais racismo?" Então acertaram.
E sim, há um pouco de racismo nesta história, que os Irmãos Grimm não parecem ter alterado de todo. Mas nada que se compare com a penúltima; aqui é muito mais subtil, podendo mesmo argumentar-se sobre a sua ausência. Na verdade, até se poderia partir desta história para uma discussão sobre até que ponto o ancestral temor humano face à escuridão e à noite pode ter influído nas atitudes dos povos de pele clara quando pela primeira vez encontraram povos de pele escura. Mas não é uma discussão que me interesse fazer aqui; é coisa demasiado complexa para este espaço. Aqui quero falar da história propriamente dita.
É uma história muito apressada, cheia de peripécias mas mal desenvolvida, parecendo-me mesmo incompleta pois há várias cenas que parecem um pouco caídas de paraquedas na sequência narrativa. Fala das aventuras de um filho de pescador da Índia Ocidental que vai parar a uma espécie de reino dentro de uma montanha (que se abre, à Ali Baba) onde encontra três princesas enfeitiçadas. Na maioria dos contos em que príncipes ou princesas enfeitiçadas procuram livrar-se dos feitiços, o instrumento dessa libertação cumpre as instruções à risca, por menos sentido que elas façam, e o feitiço desfaz-se. Mas aqui não, e é esse o aspeto mais interessante da história. O resto, enfim... talvez pudesse transformar-se num bom conto se fosse mais bem desenvolvido, mas como aqui está não o é.
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