Uma brasileira em crise de meia-idade, divorciada, sozinha de filhos e amantes, recorda a sua paixão portuguesa perdida e prepara-se para partir em busca do homem misterioso por quem se apaixonara. Uma viagem sem grande esperança, apesar de cheia de esperanças, pois as suas últimas cartas foram devolvidas com a indicação de Endereço Desconhecido, e assim fica explicado o título. Mas o fulcro do conto não é a viagem, é a história de amor em si mesma, um mergulho nas memórias longínquas da protagonista, e também nas suas expetativas e desilusões.
Não é o tipo de história que habitualmente mais me agrade, mas Lygia Fagundes Telles escreve magnificamente e isso compensa bastante a falta de interesse que o tema me desperta. Todo o conto está muito bem construído, com um jeito sinuoso e repetitivo que me fez lembrar Lobo Antunes, mas sem cair no exagero em que este cai com frequência. E o português é de primeira água.
Contudo, claro, o meu desinteresse pelo tema tem o seu efeito. Quando me sentei para escrever esta opinião, algumas semanas depois de ter lido o conto, já só trazia a ideia de uma história muito bem escrita e... nada mais. Foi preciso regressar ao texto, ler alguns excertos, para a memória voltar. E isso não é bom. Mas será de mim ou da autora? Julgo que é de mim, mas a bem dizer não tenho a certeza. Há sempre um mas. E neste conto o mas é esse: é um conto muito bem escrito, mas.
Problema meu, decerto.
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