quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Irmãos Grimm: João-de-Ferro

Já este conto, que os Irmãos Grimm construíram a partir de várias fontes, é bastante extenso (pelo menos para o que é hábito nestas histórias) e bastante mais interessante do que a vasta maioria dos contos que o rodeiam. Tem, como não podia deixar de ser, muito em comum com muitas outras histórias, mas também tem elementos próprios em quantidade suficiente para não parecer uma mera variante de histórias já conhecidas.

Sem surpresa, conta a história de João-de-Ferro, um "homem selvagem" que vive numa floresta onde faz desaparecer quem tem a má ideia de nela entrar, mas apesar de ser um homem selvagem dispõe de grande riqueza e poder. O poder tem muito de mágico, e a riqueza também, fazendo em alguns dos seus pormenores lembrar a origem da riqueza do rei Midas.

João-de-Ferro é até uma personagem interessante, um tanto ou quanto distante daquele tão típico unidimensionalismo das personagens dos contos populares, que tendem a pouco passar de antropomorfizações de uma qualidade ou de um defeito. Fulano é bom, Beltrano mau, Sicrano estúpido e por aí fora. João-de-Ferro não funciona assim. É mau mas não é mau, é perigoso mas tem coração, comete crimes mas tem os seus motivos. E no fim, descobre-se que é simplesmente um rei enfeitiçado, a tentar livrar-se do feitiço.

Este conto é bom. Não tanto como os melhores contos dos Grimm, aqueles que passaram a clássicos, mas bom.

Contos anteriores deste livro:

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