sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Lido: A Casa à Beira da Estrada

A Casa à Beira da Estrada (bibliografia) é mais um conto fantasmagórico de Hugo Rocha, com a peculiaridade de ser mesmo fantasmagórico. Trata-se de uma história de fantasmas bastante clássica, e portanto com muito pouca novidade, sobre um casarão assombrado e por isso abandonado nos arredores de uma aldeia algures no Minho. Além do já habitual estilo enovelado acompanhado por um uso excessivo de vírgulas, esta história é também prejudicada por uma fragilidade de monta no enredo. A páginas tantas, um médico conta que teria sido chamado à aldeia por um dos aldeões ter sido acometido por doença súbita. Algo de urgente, portanto. E mais urgente se torna por o médico se ver obrigado a deslocar-se de bicicleta por ter o carro na oficina. E no entanto, a meio da viagem, apesar de toda a urgência, o homem para durante uma porção de tempo a olhar para uma casa da qual saem luzes e ruídos de festa?! Que raio de médico é este?!

É um médico que só existe para servir o enredo, obviamente. Rocha precisava de alguém que contasse a história da assombração, e não arranjou melhor que um médico numa viagem urgente. Precisava da urgência para o levar a viajar à noite por sítios ermos. Mas ao fazê-lo ignorar essa urgência por um motivo tão fútil como luzes e ruídos de festa foi francamente desastrado.

Não fosse isso, esta história seria razoável. Está escrita com o estranho misto de competência rica em vocabulário e novelo repleto de vírgulas que parece ser característico de Hugo Rocha, e a história está tão bem estruturada como seria de esperar de um conto que, descontadas as variações, foi contado já tantas vezes por tantos autores diferentes. Mas com aquela falha de enredo, não me parece que chegue ao razoável. Achei o conto fraco.

Contos anteriores deste livro:

Sem comentários:

Enviar um comentário

Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de abusadores. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.