segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Lido: O Verão do Lindo Cavalo Branco

O Verão do Lindo Cavalo Branco, de William Saroyan, é um pequeno conto ingénuo sobre gente ingénua, ambientado numa comunidade de emigrantes arménios nos Estados Unidos. Tudo gira, como o título indica, em volta de um cavalo branco. Lindo. O protagonista, que garante que a sua é uma família de boa e honesta gente, embora por vezes alguns dos seus membros tendam para uma certa loucura, tem enquanto criança o sonho de aprender a andar a cavalo. E um dos primos, mais velho, um dos tais membros meio tresloucados da família, vem um belo dia acordá-lo para lhe mostrar uma coisa. Um cavalo que tinha arranjado, claro. E ainda por cima branco e lindo. Mas com que dinheiro?

Segue-se uma série de peripécias em volta do cavalo, que era roubado. Mas tudo muito levezinho, muito bondoso, muito desprovido de malícia. Sim, há roubo, mas a intenção é a procura do divertimento, da emoção, e depois a instrução, não a obtenção de vantagens de qualquer tipo. E nem era um roubo propriamente dito; era uma espécie de aluguer involuntário, um empréstimo em que uma das partes não é consultada. E sim, há gente prejudicada, mas nem por isso esta se zanga ou procura as autoridades; fica apenas triste com o sucedido. Inverosímil? Parece-me que sim, mas só em parte. O camponês ingénuo que desconhece os seus direitos e aceita o roubo de um animal com o mesmo fatalismo com que aceita uma granizada que lhe destrói as colheitas não é figura desconhecida da realidade do mundo, bem pelo contrário. O que não me parece muito é que este conto seja humorístico. A mim parece bastante mais um conto melancólico, até um pouco deprimente.

Seja como for, leu-se bem. Não é nenhuma obra prima, mas também não é mau.

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