Noites Brancas (bibliografia), de uma tal Ana Sofia Casaca, é uma razoável noveleta de horror que alia uma estrutura básica de enredo em geral bem concebida, tanto nas ideias como na forma como estas são postas em prática, a algumas carências no que toca ao ritmo narrativo e até no português. A história é narrada na primeira pessoa pelo protagonista, um homem que faz uma viagem de negócios aos Cárpatos romenos (algo bizarro, diga-se, em época de Cortina de Ferro e de Guerra Fria, o que não será afirmado mas é sugerido por vários pormenores espalhados pela história). Ao alojar-se numa estranha casa numa não menos estranha aldeia, o homem vai chamar a atenção de uma espécie de diabretes que depois disso nunca mais o largam e lhe vão fazer a vida negra.
E a história é basicamente isto. O modo como o protagonista tenta escapar aos seus perseguidores, o que faz para isso, a vida e a sanidade que vai perdendo na tentativa, e o que os diabretes lhe fazem a ele sempre que o encontram. No fim, o leitor fica a conhecer o motivo de tudo aquilo e a verdadeira natureza dos diabretes. É uma história de destruição pessoal movida a sobrenatural. Nisso, é semelhante a muitas outras histórias de horror. Há aqui algo de King, por exemplo, e talvez também algo de Matheson, e as criaturinhas fazem lembrar os diabretes, duendes ou trasgos das lendas europeias, embora não sejam exatamente iguais a eles. Não sendo propriamente original no que lhe subjaz, parece-me que esta história até tem alguma originalidade na forma como combina os vários elementos de que faz uso, o que é um ponto a seu favor.
Não gostei muito? Não, de facto não gostei muito. Mas também não desgostei.
Contos anteriores deste livro:
Sem comentários:
Enviar um comentário
Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de abusadores. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.