Para ser franco, já não me lembro, de todo, como este Na Teia dos Meus Segredos veio parar ao meu disco rígido. Quer dizer, eu sei de onde vem, porque a folha de rosto (sim, que a isto aqui ao lado não se pode dar propriamente o nome de capa) o diz. Vem de um concurso de escrita criativa integrado numa iniciativa de busca de "Novos Talentos" de alguma forma ligada ao site educare.pt, por sua vez propriedade da Porto Editora. E foi publicado em 2001 em PDF, e imagino que disponibilizado na internet. Mas não me lembro da iniciativa, não me lembro do motivo por que baixei o PDF para o meu computador, não me lembro de nada. Por isso, quando dei com este conto de Marta Jacinto Uva, o primeiro pensamento foi "mas que raio é isto?!" e o segundo foi mais ou menos que só saberia que raio era aquilo lendo. Portanto li.
E fiquei na mesma sem saber o que raio era aquilo.
Mas fiquei a conhecer o conto. É um conto adolescente, em todos os sentidos, que parece ter sido publicado tal e qual foi entregue, sem um mínimo de revisão que evitasse os erros ortográficos (ex: "côco"), os múltiplos pontos de exclamação, as redundâncias (ex: os diálogos são indicados por travessão e por aspas... sim, ao mesmo tempo), a paginação bizarra, por aí fora. A qualidade do português é deficiente e o único ponto positivo que encontro no conto é parecer honesto, só que isso de pouco serve porque essa honestidade lhe dá mais ar de desabafo, do derramar para o papel de sentimentos de perda pela morte de gente querida, do que propriamente de ficção. Ora, a literatura que me interessa não é assim, e foi principalmente por isso que não gostei deste texto. Para mim, a literatura é tanto mais interessante quanto mais consegue integrar os sentimentos que pretende transmitir numa efabulação exterior ao umbigo do autor, universalizando aquilo que é pessoal (pelo menos no que toca à prosa; a poesia tem outras regras). E este texto é umbiguista por inteiro.
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