domingo, 2 de setembro de 2018

Lido: A Bênção da Floresta

Mais um conto de Carina Portugal, este A Bênção da Floresta é mais longo que o anterior e tem uma abordagem bastante diferente tanto da desse como da do primeiro conto do livro. Embora continue a haver algo de terrorífico a ameaçar a vida dos protagonistas, aqui o tom é muito mais de fantasia do que de horror e o humor que surge em Já Sinto é aqui substituído pelo romantismo dos contos de fadas. É basicamente disso que se trata, na verdade: de um conto de fadas um pouco expandido.

Começa o conto à noite com um homem numa floresta encantada, de novo sem que se perceba minimamente o que lá está a fazer, como e porquê lá foi parar (tal como no primeiro conto do livro, também neste faltam as motivações, sendo essa a sua maior falha, a meu ver). E como é costume suceder em florestas encantadas, é atacado por algo de monstruoso. Mas de repente vê-se agarrado e absorvido por uma árvore. Julga-se perdido. Mas a árvore fala-lhe, sossega-o, promete-lhe que o protegerá, ela e outras, propiciando-lhe passagem segura até ao outro lado da floresta. Dias de viagem, sendo o homem absorvido todas as noites pelas árvores, com as quais conversa, embora este plural esteja aqui a mais porque aquilo que anima as plantas é um só espírito. Um espírito feminino, e eis a raiz do romantismo do conto, pois aquela intimidade noturna leva ao amor.

E o final é adequadamente agridoce, como é de bom tom em histórias românticas deste género, com o amor (embora a coisa tão súbita talvez seja má ideia dar tal designação) a mostrar-se impossível dadas as grandes diferenças existentes entre os putativos amantes. No fim fica uma história globalmente bem contada, embora sem grande originalidade e pese embora a já referida falta de motivações e uma ou outra fragilidade na escrita.

Contos anteriores deste livro:

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