quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Lido: A Menina que não Gostava de Doces

Há algo de Ray Bradbury neste conto de Carina Portugal. Não sei se a inspiração existe, se é coincidência, mas ao ler esta história protagonizada por uma jovem bruxa a interagir com os humanos em pleno dia das bruxas (ou num dia das bruxas muito americanizado, muito halloweenico) lembrei-me vivamente das histórias bradburianas em que se torna ternurento todo o imaginário macabro que rodeia essa festa, com as suas crianças sonhadoras, com os seus monstros de bom coração e frequentemente incompreendidos, até mesmo com o seu elogio da imaginação lendária enquanto determinante de humanidade.

Sim, A Menina que não Gostava de Doces é uma bruxa, o que fica claro bem depressa assim que se começa a ler o conto. Este, uma fantasia urbana ternurenta e bem-humorada, descreve, segundo o ponto de vista dela, a sua primeira experiência com o dia das bruxas e o choque cultural que vai tendo à medida que se vai apercebendo de que aquilo não tem nada a ver com o que estava à espera. Para que quer ela os doces? O que lhe interessa é pregar partidas. Mágicas, de preferência.

É um conto divertido e bem escrito, com um enredo seguro que apesar de tentar manter algum mistério quanto à natureza da personagem não se esforça muito para isso e não depende desse mistério para funcionar. Um conto quase desprovido das fragilidades que tenho vindo a apontar à autora. Provavelmente o melhor do livro até agora.

Contos anteriores deste livro:

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