domingo, 9 de setembro de 2018

Lido: Megalon, nº 13

Porque sim, porque me apeteceu, logo depois de ter lido o número 7 do fanzine Megalon peguei neste Megalon, nº 13 (bibliografia), publicado quase exatamente um ano mais tarde. Foi uma escolha de impulso, mas também deu para ficar com uma ideia da evolução do fanzine nos seus primórdios pois, embora a estrutura e ambiente genéricos da publicação sejam semelhantes, existem diferenças, e algumas razoavelmente importantes.

Desde logo, a maior dessas diferenças relaciona-se com o número e a ambição dos contos publicados. Quatro contos, contra dois no número 7, numa quantidade de páginas que nem subiu muito, apesar de ter subido um pouco, é um aumento significativo. Mas o mais relevante é outra coisa: embora neste número continue a haver contos fracos (na verdade um deles é pior que fraco), um conto, O Voo do Ranforrinco, é bom o suficiente para ter merecido publicação profissional alguns anos mais tarde, erguendo-se bem acima de todos os outros em ambos os números do fanzine lidos até agora, e aqui entra a minha conversa habitual sobre as publicações valerem a pena se contiverem contos bons. Apesar de já ter lido esse conto, incluído numa das coletâneas que Gerson Lodi-Ribeiro publicou em Portugal, foi bom relê-lo.

Em sentido inverso, os artigos são menos interessantes, em especial porque os mais desenvolvidos estão muito centrados no fandom brasileiro da época: um artigo a marcar o 5º aniversário do CLFC (Clube de Leitores de Ficção Científica, para quem não sabe; ainda existe) e uma crónica sobre uma convenção de FC. Terão interesse histórico para quem quiser conhecer as andanças de gerações anteriores da FC brasileira, mas para o leitor comum de hoje em dia pouco interesse podem despertar, e esse pouco deverá resumir-se ao que de semelhante e de diferente existe hoje na dinâmica das comunidades de fãs de ficção científica e à constatação de que certas esperanças e otimismos são tão eternos como eternamente adiados.

As páginas que não são ocupadas com ficção e artigos acolhem críticas e ilustrações, pois desta vez a BD está ausente. Para mim, as críticas (e os artigos em que se noticiam as novidades editoriais ligadas à FC&F) são, a par da ficção, a parte mais interessante destes fanzines porque me fornecem grande quantidade de informações que tenho vindo a integrar no Bilbiowiki. Mas esse é um interesse muito pessoal; não serão muitas as pessoas com um interesse semelhante. Portanto o que posso dizer é que para a generalidade dos leitores este número do Megalon vale a pena sobretudo por O Voo do Ranforrinco, em especial agora que os livros da coleção de FC da Caminho se tornaram raridades por incineração de stocks.

Eis o que achei sobre cada um dos contos:

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