Recolhido por Adolfo Coelho em Oliveira do Douro, este O Conto do Fuso é mais um dos muitos contos no fim deste livro que não só não têm qualquer elemento fantástico, como estão também desprovidos de boa parte daquilo que transforma um texto num conto, mais parecendo relatos mais ou menos atabalhoados de acontecimentos reais. Mesmo que, como neste caso, esses acontecimentos sejam algo inverosímeis.
Gira aqui a narrativa em volta de uma mulher preguiçosa, que devia fiar mas não fiava, enchendo-se de desculpas para não o fazer. Normalmente a desculpa envolvia fusos quebrados. E o marido, desgraçadinho, ia-lhe arranjando novos fusos, uns atrás dos outros, até que se fartou e meteu na cabeça que haveria de cortar um pinheiro e mandar fazer um de encomenda. Só que não era nenhum génio, o pobre homem, para não dizer que era parvo, e não houve nada que não lhe corresse mal nesse empreendimento.
Como facilmente se percebe, é mais um continho que pretende ser divertido, mas que também tem aspirações a história cautelar patriarcal. Não te cases com mulher preguiçosa, parece dizer, porque vais sofrer com isso. Mas essa mensagem dilui-se com a estupidez do marido; afinal de contas, ele não sofreria nem um décimo do que aqui sofre se não fosse tão palerma. O resultado é uma historinha tosca que nem consegue transmitir capazmente a moral da história que procura transmitir.
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