Há leves sugestões do mito faustiano neste conto dos Irmãos Grimm, cujo tema são as desventuras de um pai particularmente fértil, com tantos filhos que já não encontra nenhum homem na aldeia que ainda não tenha sido padrinho de um deles. Desesperado, pede ao primeiro desconhecido por que passa para apadrinhar o último e isso tem consequências.
No entanto, essas sugestões são só leves. A atmosfera do conto é infantil, pelo que não dá para grandes aprofundamentos filosóficos. O conto divide-se em dois momentos, o primeiro em que o problema do pai é apresentado, o apadrinhamento é realizado e o pai ganha capacidades curativas em resultado dele e um segundo, em que o pai visita a casa do padrinho. E é aí que O Senhor Padrinho é apresentado como um homem estranho, cuja casa está cheia de bizarrias mágicas, pelo menos na aparência, as quais são por ele explicadas de forma naturalista. Com uma exceção: o pai vê-o pelo buraco de fechadura com uns grandes (e demoníacos?) cornos, coisa que ele nega de forma taxativa.
Não sendo propriamente um bom conto nem um conto especialmente elaborado (o que seria difícil em menos de duas páginas) esta história tem interesse como exemplo de como uma ideia complexa pode ser simplificada ao escrever para crianças, deixando-se apesar disso entrever quando o resultado é lido por adultos.
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