terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Lido: A Velha Fadada

Mais uma história cheia de bons sentimentos, esta A Velha Fadada, recolhida por Adolfo Coelho em Coimbra. E se julgam que estou a falar a sério, pois saibam que estou, da forma mais sarcástica possível.

Pois que há duas velhas manas que queriam casar, vá-se lá saber porquê. Mas ninguém as queria, porque não só eram velhas como eram muito feias. Uma delas, desesperada, enche-se de coisas postiças e lá consegue levar um homenzinho ao engano. Mas ele, como era boa pessoa, assim que percebeu que a velha com que tinha casado era feia como tudo, atirou-a da janela abaixo. Claro. E lá fica a velha pendurada a noite inteira, que pelos vistos não era por ser velha que não tinha força nos braços. Vai daí, duas fadas têm pena dela, as cabras, e dão-lhe uma cara linda, linda, linda. E claro que o marido agora já a quer e catrapumba. A irmã é que achou aquilo espantoso e também quis. Pergunta à irmã ex-feia o que lhe aconteceu, ela responde baixinho que foi fadada, a mana velha e surda percebe esfolada e lá vai ao barbeiro para que a esfole, o que ele faz e ela morre. E acham que a mana ex-feiosa sofre com isso? Ná! Agora tem marido, quer lá saber.

Um conto de fadas ternurento, portanto, cheio de romance e coraçõezinhos palpitantes. Uma doçura pegada. Tirando isso, está razoavelmente bem estruturado, com início meio e fim, o que não deixa de ser um ponto a seu favor. E, espremendo-o, é capaz de dar algum sumo, embora eu não garanta a palatabilidade desse sumo. Podia ser pior.

Contos anteriores deste livro:

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