Quando peguei neste conto para o ler, tive durante breves instantes a esperança de que finalmente, quase a fechar o volume, nele surgisse algum sinal de Algarve. É que A Moura Encantada é o nome que se dá com frequência a uma das mais célebres (e belas) lendas algarvias e podia ser que fosse essa história que aqui se contava. Mas depressa me desenganei. Adolfo Coelho era beirão de uma forma quase militante, contam-se pelos dedos as vezes que sequer se aproximou do Tejo e, se bem me lembro, nem por uma vez o ultrapassou, esta é mais uma das muitíssimas histórias que recolheu em Ourilhe e nada tem a ver com a lenda algarvia, além de haver nela uma moura e de esta estar encantada.
É uma história algo desconexa, como de resto acontece de vez em quando aos contos recolhidos em Ourilhe, que pertence ao grupo de histórias que se baseiam num encanto que deve ser ultrapassado por um conjunto de três provas. Ao ultrapassá-las com sucesso, o candidato a príncipe ou a rei demonstra o seu valor e fica pronto para desposar a donzela. O facto de esta aqui ser moura em nada altera este esquema; a história podia ser contada a respeito de uma princesa qualquer do Norte da Europa e seria praticamente igual. E isto é o que ela tem de mais interessante, pois literariamente é muito fraca.
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