Aos três ou quatro de vocês que têm seguido esta longa série de notas sobre os contos deste livro de Adolfo Coelho (eu sei, são muitas e a maioria pouco interesse têm) deverá bastar o título de O Preto e a Lâmpada de Santo António para perceberem que se trata de mais um conto racista, pois ele remete claramente para o do último conto declaradamente racista que aqui se acoita. E não se enganam. O racismo é neste um pouco menos intenso que no outro, é certo, mas está bem presente, e muito nos mesmos moldes. Mais uma vez, o protagonista preto é alguém que está em oposição a uma figura de autoridade eclesiástica, desta vez não um padre mas um sacristão, e mais uma vez o vemos quebrar as regras e ser punido por isso. Aqui, à pancada.
E no fundo por pouca coisa. O desgraçado do preto limitava-se a gostar de molhar o pão no azeite da lâmpada, e só o fazia depois de perguntar a Santo António se podia e não obter resposta. Merecia castigo? Claro que não. Mas levou na mesma com ele, em mais uma historinha muito, muito simples, muito, muito curta, e completamente vazia de elementos fantasiosos. Se não aconteceu podia ter acontecido, com racismo e tudo. E é muito, muito fraquinha.
Contos anteriores deste livro:
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