Isto devia ficar para a opinião sobre o livro propriamente dito, mas não é fácil explicar o que é este O Castelo sem explicar primeiro o que é o livro em que vem incluído. Italo Calvino, de resto, facilita a tarefa, pois ele próprio explica na apresentação que o prefacia. O Castelo dos Destinos Cruzados é uma experiência literária composta por contos cujos enredos são dirigidos por cartas de tarot. A fim de reunir os contos num todo que se quer coerente, e à semelhança do que fez em As Cidades Invisíveis, Calvino arranja uma narrativa que os engloba. N'As Cidades, usou conversas entre Marco Polo e Kublai Kan; aqui, concebeu um viajante que vai dar a um estranho castelo onde as pessoas contam histórias.
É isso o que explica neste texto. Trata-se de uma espécie de enunciado, que apresenta o protagonista e o lugar onde ele vai dar. Um lugar fantástico; um castelo surpreendente, onde se hospeda gente estranha, e onde é impossível falar. Abre-se a boca e a voz pura e simplesmente não sai. E daí as histórias serem contadas através do recurso às cartas de Tarot. É ao mesmo tempo uma saída claramente artificiosa e engenhosa, e a qualidade literária desta espécie de introdução, bastante elevada, abre as melhores perspetivas para as histórias propriamente ditas.
Venham elas.
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