segunda-feira, 25 de março de 2019

Lido: A Rosa Espinhosa

Há qualquer coisa de Bela Adormecida neste conto dos Irmãos Grimm, ainda que o enredo deste A Rosa Espinhosa seja bastante diferente. Trata do despeito de uma fada por não ter sido convidada para uma festa dada pelo rei de um reino distante para celebrar o nascimento de uma filha há muito aguardada, e das consequências que daí advieram.

A fada era, decididamente, má rês. Não terá sido por isso que não foi convidada, ao contrário das outras doze que havia no reino, mas é isso o que revela ao profetizar/determinar a morte da princesa aos quinze anos, sentença que não pôde ser anulada, só pôde ser comutada para adormecimento durante cem anos. E já estão a ver onde estão as semelhanças com a Bela Adormecida, certamente.

E sim, também aqui temos um príncipe, que entra no castelo (onde não foi só a princesa que permaneceu cem anos a dormir, foi a corte inteira, protegida de intrusos por uma cerca de roseiras espinhosas e impenetráveis, e eis a origem do título) e vai deparar com a princesa, apaixona-se no instante em que a vê e beija-a sem pedir licença, e não se percebe muito bem se é ele que quebra o encanto, o que não faria grande sentido visto que os cem anos estavam no fim, se se limita a estar no lugar certo à hora certa.

É um conto um pouco desconexo, talvez por ser resultado da fusão de elementos díspares e, em parte ou no todo, muito antigos. Também é um conto com aspetos problemáticos, o que de resto não é tão raro como se poderia imaginar dado estas histórias serem tão comummente associadas à infância. Mas não é dos piores, ainda que tampouco seja dos melhores.

Contos anteriores deste livro:

6 comentários:

  1. Esta é que é a versão da Bela Adormecida de que eu me lembro melhor. Acho que vi num desenho animado ou num filme: a corte toda adormecida e os espinhos em torno do castelo. Será da Disney?

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    1. Não faço ideia. Acho que nunca vi o filme da Disney (ou se vi já não me lembro). Também pode ser uma adaptação que vá buscar um bocadinho aqui, outro ali, outro acoli. É comum.

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  2. Esta é também a versão em que o princípe não a acorda só com um beijo?... Que faz mais do que isso, e se calhar por isso é que ela acorda? ;)
    Digamos que não é a versão contada às criancinhas, mas tem muita expressão na literatura adulta.

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    1. Não, que os Grimm eram uns senhores respeitáveis e tementes a deusnossenhor. ;)

      Nesta versão foi mesmo só um beijo.

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  3. O filme que eu vi da Disney é dos anos 70, se calhar anos 80. Não é o da Maleficent, que não vi.

    Mas olha o que encontrei (com um link para a história original):

    https://www.ranker.com/list/details-from-the-original-sleeping-beauty/genevieve-carlton?page=3

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    1. Passei os olhos pelo link, e parece ser um bom achado. E sim, confere com aquilo em que tenho reparado (e de resto menciono neste post): as histórias tradicionais nas suas versões originais são frequentemente bastante problemáticas, o que quem só as conhece através das suas adaptações suavizadas nem suspeita. E estas histórias dos Grimm já devem ser quase todas suavizadas relativamente ao material de base, de contrário dificilmente se chamariam "Contos da Infância e do Lar".

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