Na ficção científica, como em outros géneros literários, as definições tendem a ser vagas e a dar bastante espaço para interpretações, o que não impede muita gente de as tratar (ou pelo menos à sua versão delas) como verdades absolutas e incontestáveis. Isso tem como consequência inevitável que para não gerar incompreensões convém explicar-se concretamente o que se entende pelo termo x. Termos como space opera, por exemplo, ou romance planetário.
Neste Um Planeta Remoto, Ângelo Brea não faz uma space opera mas o ambiente está lá. Não existe a aventura melodramática nem o romantismo cavalheiresco, mas existe, em pano de fundo, a guerra interplanetária, sob a forma de uma Federação Terrestre, composta por centenas de planetas-colónia e colónias mineiras espalhadas pelas estrelas, que está sob ataque (e a ser derrotada) por uma coligação de piratas espaciais e rebeldes de todos os tipos.
O conto está mais próximo do romance planetário, ainda que também não seja bem isso. É uma história híbrida. Os escassos habitantes de uma colónia mineira que se vê na iminência de ser atacada e/ou destruída pelos piratas conseguem convencer o capitão de uma nave cargueira a transportá-los para um planeta distante onde terão possibilidade de sobrevivência e para onde tinha partido algum tempo antes uma família conhecida do capitão. E lá vão eles.
O ambiente é bem estabelecido por Brea e a situação é bastante interessante. Pelo menos para mim, que não gosto de space opera propriamente dita mas tendo a gostar bastante de histórias que subvertem esse subgénero e de muitos romances planetários. Esta é daquelas histórias que me prendem desde o início, e Brea até é mais competente do que é hábito no equilíbrio entre a explicação dos elementos de construção de mundo e o avanço do enredo.
Mas depois, a história acaba sem chegar propriamente a fechar o seu arco narrativo. O grupo chega ao tal planeta e vai deparar com a família de pioneiros toda morta, sem que se perceba porquê, e não há tempo nem espaço para se investigar as mortes e perceber se a nova colónia será mais bem sucedida que a anterior ou que desafios terá de enfrentar.
Ou seja, esta história daria um início de romance bastante bom. Mas tal como está termina de uma forma muito frustrante.
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