sexta-feira, 27 de maio de 2022

Pedro Cipriano: O Lago

Às vezes, já ter lido muitas coisas funciona quase como uma maldição. Quando a leitura de uma história faz lembrar a leitura de outra, muitas vezes acontece que o desfrute que a leitura da segunda a ser lida poderia causar se perde, parcial ou totalmente, porque ela fica aquém na comparação com a primeira. E foi precisamente isso o que aconteceu com esta história de Pedro Cipriano.

Ainda por cima, O Lago é o título de ambas as histórias, como que para sublinhar as parecenças. E Cipriano, apesar de ser um dos autores com certo interesse que surgiram do grupo que criou o Fantasy & Co., está muito, muito longe de se poder comparar com o autor da outra história: Ray Bradbury.

Não estou a falar aqui em plágio, atenção. Estou apenas a dizer que são histórias que nasceram de ideias muito semelhantes, desenvolvidas de forma também semelhante, o que pode acontecer a qualquer pessoa que escreva mesmo sem conhecer as obras com que as suas são comparáveis. E além disso, as histórias são semelhantes, não iguais.

O certo é que ambas as histórias giram em torno de um lago onde algo de mágico acontece e onde o afogamento de uma personagem vai ter um impacto muito forte noutra. Mas Cipriano não é o contista de mão cheia que Bradbury era nem tem a mesma capacidade para desenvolver uma narrativa e manipular a linguagem ao serviço de uma história destas. Consequentemente, o seu conto é muito inferior, ao ponto de parecer pior do que é em virtude da comparação.

Esta é uma história de que eu muito provavelmente teria gostado se não tivesse antes lido a história de Bradbury.

Mas li.

Este conto, como todos os publicados pela Fantasy & Co., pode ser obtido aqui.

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