O título já o sugere, e a leitura do conto confirma. Em Um Pôr do Sol Vermelho voltamos a Marte, que Ângelo Brea imagina aqui nas fases iniciais do processo de terraformação, povoado por uma colónia de alguns milhares de pessoas e com uma base industrial composta em boa medida de grandes fábricas de CO2, fabricado a partir das rochas marcianas com o objetivo de aumentar a densidade da atmosfera marciana e criar um efeito de estufa no planeta.
O protagonista trabalha numa dessas fábricas, e o pouco enredo que a história tem gira em volta de uma avaria, a qual degenera num acidente que envia o pobre para o hospital. Mas não é esse, claramente, o interesse de Brea. O autor parece ter tido a ideia para o ambiente, para o worldbuilding, e limitou-se praticamente a isso, abdicando de criar sobre esse alicerce uma história propriamente dita. Como resultado, este texto até poderia funcionar razoavelmente bem como início de uma história mais longa, um daqueles inícios de romance ou novela em que os autores estabelecem os parâmetros do seu mundo ficcional e apresentam as personagens, mas enquanto texto independente sabe a muito pouco. Termina-se a leitura e a interrogação de "então e o resto? É só isto?" torna-se inevitável.
Ângelo Brea tem alguns contos bons, mas este não é um deles.
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