Um conto engraçado, este. Como o título de Rui Le indica, trata-se de um conto biográfico, que Mário Roberto despacha com verve e ironia, narrando a vida de um tal Rui Le, escritor famoso mas desaparecido. Não há aqui nada de particularmente profundo, ou propriamente inovador, mas há um olhar iconoclasta q.b. sobre o meio literário e os seus protagonistas e também sobre os lugares pequenos de província de onde algumas criaturas conhecidas são originárias.
Num registo bastante oral, entrecortado por apartes que nem sempre se percebe bem se são feitos de diálogo interno ou externo (ou dos dois ao mesmo tempo, quem sabe), o conto avança com a rapidez das frases curtas e deixa-se ler de sorriso nos lábios. Rui Le é um misterioso, e o narrador desta prosa está encarregado de desvendar esse mistério... e nada interessado em fazê-lo, por motivos lá dele e do final surpresa. Mas vai contando episódios da sua vida, especialmente da sua infância e juventude, carregados de referências à cultura popular dos anos 80.
Não sei se lhe chamaria um bom conto mas até era capaz disso. Certo é que gostei, muito embora me tenha deixado a desejar algo mais, não sei bem o quê. Algum enredo, talvez. Afinal de contas, aqui temos apenas descrição; mesmo os episódios que são contados servem para descrever uma personalidade, não tanto para contar uma história. Talvez tenha sido por isso que não gostei assim muito. Mas gostei.
Textos anteriores desta publicação:
Sem comentários:
Enviar um comentário
Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de abusadores. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.