quinta-feira, 23 de julho de 2020

Michael Barry: Síndroma de Rashid

Já disse pelo menos uma vez, em pelo menos uma das já numerosas opiniões que aqui tenho vindo a deixar sobre as historietas deste livro, que pedir a gente que escreve para inventar doenças equivale a correr um risco considerável de várias dessas doenças terem a ver diretamente com os livros ou o ato de escrever ou de contar histórias. De facto, não é uma nem são duas as histórias que já ficaram para trás e comprovam esse risco, e nesta Síndroma de Rashid (bibliografia) Michael Barry encarrega-se de somar mais um membro a esse abundante grupo.

Como? Arranjando uma doença que combina a bibliofagia com a metamorfose dos pacientes no estágio terminal. Não uma metamorfose qualquer, desestruturada, não; eles não se transformam em qualquer coisa. Transformam-se em livros. E se estão a pensar que uma doença que começa com um paciente a devorar (literalmente) livros para acabar por se transformar num tem qualquer coisa de alegórico, estão a pensar o mesmo que eu.

Não sendo esta propriamente uma das histórias que contam realmente uma história, ela tem apesar disso um interesse acrescido para mim, uma vez que o autor é hábil no manejo da terminologia médica ao ponto de transformar uma ideia tão absurda em algo quase credível. Serve-se para isso das técnicas típicas da ficção científica, claro, e fá-lo muito bem.

Textos anteriores deste livro:

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