De volta aos contos do Azazel, agora em novo livro — ou no segundo volume do livro único, mais propriamente — encontramos este Lógica é Lógica (bibliografia), afirmação incontestavelmente verdadeira embora bastante lapalissana. No conto, Isaac Asimov segue fielmente a fórmula que concebeu para estas histórias, o que se por um lado facilita a sua conceção, por outro aumenta o risco de elas se tornarem cansativas. Mas não é o que acontece com esta.
Porque neste conto há um cheirinho do tipo de narrativa que o autor empregou com pleno êxito nos seus contos sobre robôs positrónicos: uma situação estabelece determinados parâmetros e é a obediência ou não a esses parâmetros que vai determinar o seu desfecho, num bem conseguido jogo de consequências lógicas. Todos os contos sobre Azazel têm um pouco disso, mas sendo mágico o pequeno demónio, as regras da causalidade tendem a ser algo flexíveis, dependendo as histórias de qualquer detalhe que passou despercebido à partida. E esses detalhes conseguem ser por vezes bastante forçados. Mas aqui não.
Aqui estamos perante um senhor de boas famílias cujo maior orgulho é fazer parte de um exclusivíssimo clube privado chamado Éden. Aí só pode ter lugar gente rica, gente que vive de rendimentos, gente que não trabalha. Mas o homem tem uma frustração: é incapaz de contar uma piada, o que o obriga a permanecer na periferia dos círculos sociais. E lá vem o Azazel em sua salvação, e a ação do demónio é tão eficaz que o homem faz um sucesso estrondoso num clube de comédia onde vai testar o recém-adquirido talento humorístico. E dão-lhe um cheque de recompensa. Ops. Tudo estragado, e Adão é expulso do Éden.
Este conto, mesmo sem ser nada de especial, como é timbre desta série, consegue pelo menos ser mais engraçado e estar mais bem concebido que a maioria.
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