segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Irmãos Grimm: Os Sapatos Desfeitos a Dançar

Uma das coisas que têm sido mais curiosas para mim durante a leitura destas histórias é o rasto de mortandade que elas deixam para trás. Curiosa não tanto pelas mortes em si, mas sobretudo porque parte destes contos são histórias que eu conhecia de miúdo (ainda que em adaptações várias, frequentemente) e não tenho memória de tanto sangue. Claro, o mais provável é só mesmo o eu infantil não dar atenção a essas coisas: afinal, em histórias como o Capuchinho Vermelho o Lobo Mau faz vítimas e estas passam mais ou menos batidas. Mas ao longo destes contos deparei com muitas ocasiões em que gente (e não gente) morre por motivos absolutamente fúteis, em exibições de crueldade gratuita que por vezes me incomodam. Sinais dos tempos? Talvez.

Este Os Sapatos Desfeitos a Dançar não é dos piores, mas mesmo assim cá temos um rei que desafia súbditos e não súbditos a descobrir onde vão as filhas (que não, não são três... nem sete... são doze) desfazer os sapatos todas as noites, oferecendo a mão de uma delas em casamento como recompensa ao que consiga... e prometendo a morte em castigo a quem não seja capaz de o fazer. E será que tal falhanço vale realmente a morte? Não, pois não? Mas claro que há gente que morre por isso até que aparece um soldado a desvendar o mistério.

Aqui pode-se falar com propriedade de um conto dos Irmãos Grimm, pois a nota fala de um episódio acrescentado à história, proveniente de um outro conto aparentado com este. E quanto à história... bem, narra o modo como o soldado resolve a questão, ficando invisível e seguindo as princesas até um palácio subterrâneo onde passam todas as noites a dançar com doze príncipes encantados. E eu, que já não sou a criança que fui, não evitei o pensamento óbvio: "a dançar? Só a dançar?"

Seja como for, o conto é interessante, mais do que muitos dos mais recentes. E ainda bem, que já andava um tanto ou quanto saturado de histórias fracas.

Contos anteriores deste livro:

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