Já disse em algumas das outras opiniões a contos deste livro que uma das coisas que os parece distinguir dos contos dos Grimm é um certo caráter subversivo que por vezes nele se encontra. Não em todos, é certo, pois também aqui temos contos muito bem comportados (por vezes demasiado), mas em algumas destas histórias acha-se uma mal ou nada disfarçada troça de figuras de autoridade ou justificação de malandrices cometidas contra aqueles que, apesar de ricos, não mostram pelos menos bafejados pela fortuna a desejável solidariedade.
É o caso desta História do Compadre Pobre e do Compadre Rico, mais uma história recolhida por Adolfo Coelho em Lisboa, junto de alguém oriundo das Beiras. O título é em grande medida autoexplicativo: conta a história de dois compadres, um pobre e o outro rico mas avarento em extremo, e como o pobre conseguiu levar o rico à certa, roubando-o, sem que esse roubo mereça qualquer espécie de condenação, muito pelo contrário.
Vazio de elementos fantásticos, este conto é interessante, com um enredo invulgarmente bem amarrado para o que é costume nestas histórias e o já mencionado caráter subversivo a torná-lo também menos previsível do que é habitual: o leitor está a contar que os candidatos a ladrões sejam apanhados e castigados mas não é isso o que acontece.
Contos anteriores deste livro:
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