E terminaram as releituras, mas no caso deste conto e do que se segue, isso só aconteceu porque o livro em que eles se inserem ainda está há mais tempo à espera na pilha de leituras futuras do que este número da Bang!
Escrito por Neil Gaiman (ou melhor, pelo Dr. Neil Gaiman), este Crupe dos Doenceiros (bibliografia) é um pseudofactual vagamente borgesiano cuja principal força está no brilhante uso da linguagem (muito bem vertido para português, já agora) que confere à história uma camada adicional e fundamental de significado. Gaiman descreve uma doença imaginária (o que de resto é a proposta do tal livro) que se pode resumir como uma forma peculiar de hipocondria com alguns sintomas adicionais.
Sou, como sabe quem costuma ler-me, mais sensível ao conteúdo do que à forma. Mas o topo da fruição literária dá-se, para mim, quando a forma serve o conteúdo de forma perfeita. Não quando o substitui, como tantas vezes acontece, mas quando o serve. E é precisamente o caso aqui. Este conto é excelente.
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