quarta-feira, 10 de abril de 2019

Em 2018 falou-se de... outras coisas

Então vá, concluamos esta série de posts, que já é mais que tempo. Depois da parte relativa à ficção portuguesa, depois à brasileira, depois o longo post sobre a traduzida, eis que aqui se reúne tudo o resto. O esquema é um pouco diferente do dos outros posts: não há uma lista única, obviamente, mas sim várias listas separadas, uma por categoria e cada uma destas categorias é seguida por um comentário próprio, em vez de ficar todo o palavreado para o fim. A ordem das categorias é mais ou menos da mais abundante para a menos abundante.

Não-ficção internacional:

??? (org.)
  1. The Universe Next Door
Avent, Ryan
  1. A Riqueza dos Humanos
Benson, Michael
  1. 2001: Uma Odisseia no Espaço – Stanley Kubrick, Arthur C. Clarke e a Criação de uma Obra-Prima (2x)
Bostrom, Nick
  1. Superinteligência
Dole, Stephen H.
  1. Habitable Planets for Man
Favro, Terri
  1. Generation Robot
Frost, Mark
  1. Twin Peaks: The Final Dossier
Gaines, Caseen
  1. De Volta Para o Futuro
Ganascia, Juan-Gabriel
  1. O Mito da Singularidade (2x)
Gordon, Charlotte
  1. Romantic Outlaws: The Extraordinary Lives of Mary Wollstonecraft and Her Daughter Mary Shelley
Gunn, James
  1. Alternate Worlds
Harari, Yuval Noah
  1. 21 Lessons for the 21st Century / 21 Lições para o Século 21 / 21 Lições para o Século XXI (6x)
  2. Homo Deus (2x)
Ishiguro, Kazuo
  1. Minha Noite no Século Vinte e Outros Pequenos Avanços
Kaku, Michio
  1. O Futuro da Humanidade
Knowles, Christopher
  1. Nossos Deuses são Super-Heróis
Leonhard, Gerd
  1. Tecnologia versus Humanidade
Lincoln, Don
  1. Universo Alien
O'Reilly, Tim
  1. WTF?: What's the Future and Why It's Up to Us
Roberts, Adam
  1. A Verdadeira História da Ficção Científica (7x)
Rogak, Lisa
  1. Coração Assombrado (2x)
Weldon, Glen
  1. A Cruzada Mascarada (2x)
  2. Superman: Uma Biografia não Autorizada
Wendig, Chuck
  1. Damn Fine Story
Wilson, Daniel H.
  1. Where's My Jetpack?
Entre estas categorias menos comuns, a mais movimentada foi a da não-ficção internacional (i.e., traduzida), que engloba obras dos mais variados tipos, desde textos teóricos sobre ficção científica a textos futuristas, cuja inclusão no FCL é feita mais por uma questão de potencial inspiração para autores do género do que por qualquer outro motivo, passando por biografias, crónicas, por aí fora.

É, portanto, uma categoria muito variada, e não muito abundante. Reúnem-se aqui 22 autores (e um organizador desconhecido) e 25 títulos, ou seja, só dois dos autores estão presentes com mais que uma obra. São precisamente esses os destaques: Yuval Noah Harari, presente com duas obras, foi alvo de 8 opiniões, e Glen Weldon, também presente com duas obras, foi alvo de três opiniões. Um terceiro destaque é Adam Roberts, cujo ensaio sobre FC recebeu 7 opiniões.

Ficção portuguesa e internacional:

??? (org.)
  1. Steampunk Internacional (3x) 
Mendes, Roberto Bilro (ed.)
  1. Dagon, nº 2
E a segunda categoria mais comum entre estas categorias pequenas resume-se a dois títulos, dois editores (um dos quais desconhecido) e 4 opiniões. Não há, portanto, grande coisa a dizer sobre ela, à parte ser curioso que a esmagadora maioria das publicações de autoria múltipla (e neste caso as leituras refletem bem o que é publicado) tendam a especializar-se: os autores ou são lusófonos, ou são traduzidos, sendo relativamente raro coexistirem na mesma publicação autores em tradução e com escrita em português e ainda mais raro haver algum equilíbrio ou uma proporção significativa do grupo minoritário, como é o caso destas publicações.

Não-ficção portuguesa:

Oliveira, Arlindo
  1. Mentes Digitais
Vieira, Joaquim
  1. José Saramago - Rota de Vida (2x)
Em princípio, esta categoria seria tão diversificada como a não-ficção estrangeira, mas publicou-se tão pouco (ou o que se publicou foi tão ignorado, talvez), que só aqui cabem três comentários, a um livro técnico com elementos de antecipação tecnológica e a uma biografia de Saramago. É pouco, muito pouco para um ano inteiro, mas na verdade não seria de esperar mais: se a ficção é como é, a não-ficção só poderia ser isto.

Ficção luso-brasileira:

Ribeiro, Gerson Lodi- (org.)
  1. Solarpunk
Ribeiro, Gerson Lodi-; Silva, Luís Filipe
  1. Vaporpunk 
Aqui reúnem-se não só aquelas publicações com equilíbrio na representação portuguesa e brasileira, mas também as que são predominantemente portuguesas ou brasileiras mas incluem uma componente relevante do outro lado do Charco Atlântico. E só tivemos direito a duas, ambas publicadas no Brasil. Fraquinho, muito fraquinho. Mas quem já tentou fazer ou participar numa coisa destas, e eu já estive dos dois lados, compreende: os pagamentos transatlânticos são tão complexos e onerosos que só compensam realmente quando os autores abdicam de pagamento ou com livros que tragam bom retorno financeiro. O que não é o caso das antologias de FC. O desenvolvimento de verdadeiro intercâmbio literário no espaço lusófono, para o qual a carolice não chega, só se dará quando houver intervenção política nesse sentido. E cada vez há mais escolhos no caminho dessa intervenção.

Não-ficção brasileira:

Manfredi, Lúcio
  1. O Boitatá com Olhos de Césio
Souza, Kátia Regina
  1. A Fantástica Jornada do Escritor no Brasil
Sobre a não-ficção brasileira julgo que se pode dizer mais ou menos o que disse sobre a portuguesa, mas com duas agravantes: apesar de tudo os comentários a ficção brasileira sempre são significativamente mais abundantes que os que se debruçam sobre a portuguesa, pelo que em princípio aqui deveria haver mais títulos, por uma questão de proporção, e, ainda por cima, um dos que há nem sequer vem de um leitor brasileiro, mas de mim.

Ficção angolana:

Agualusa, José Eduardo
  1. Barroco Tropical
Agualusa como único representante da ficção angolana, e até africana em geral, infelizmente, não é surpresa. Não será o único autor lusófono africano que introduz em algumas das suas ficções elementos próximos da ficção científica, mas é praticamente o único que já conseguiu sair de África e ser lido tanto em Portugal como no Brasil. E não havendo nos PALOP, ao contrário do que acontece em Portugal e no Brasil, quem se dedique a ler e a divulgar na internet o que se vai fazendo por lá, suspeito que vamos ficar limitados ao Agualusa durante muito tempo.

Poesia brasileira:

?? (João Martins de Athayde ou Leandro Gomes de Barros)
  1. O Homem Que Subiu em Aeroplano Até a Lua
É raríssimo publicar-se poesia de FC ou relacionada com FC (como neste caso) e mais raríssimo ainda é falar-se dela. Não é portanto surpresa só haver aqui um título. Surpresa é haver um título. Não deverá acontecer em muitos anos. Aconteceu em 2018.

Ficção internacional fora do género (mas relacionada com ele):

Lodge, David
  1. O Homem de Partes
Por fim, algo que não deve aparecer mais vez nenhuma, pelo que é naturalíssimo só incluir um título. Se houvesse uma categoria de diversos seria candidato preferencial.

E é isto. Acabou. Deu uma trabalheira gigantesca, motivo pelo qual só ficou feito em abril e também motivo pelo qual não voltará a ser feito nos mesmos moldes. Já comecei a automatizar parcialmente o processo (através do fiel Excel) e vou ver se para o ano, com a coisa meio automatizada, corre melhor. Não queria deixar de fazer isto, porque me parece útil, mas tenho de arranjar um equilíbrio entre a utilidade e o trabalho que dá, porque senão não vale a pena. Este ano deu muito mais trabalho do que a utilidade que tem.

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