sábado, 6 de abril de 2019

Lido: Rei Barba-de-Tordo

Com o conto Rei Barba-de-Tordo regressamos pela mão dos Irmãos Grimm ao recorrente mote do rei que tem uma filha casadoira e muito pretendida. Mas, como muitas vezes acontece, a princesa tem vontade própria. Ou falta de vontade, pois nenhum dos múltiplos pretendentes lhe agrada. O rei, claro, irrita-se, e a princesa vai acabar por pagar as favas por essa irritação, que isto de princesas (e príncipes também, mas desses as histórias tradicionais, com o seu habitual machismo, pouco falam) é gente muito sujeita a conveniências políticas e/ou aos capricos dos reis seus pais.

Chegado aqui, quem conheça as histórias tradicionais já deve estar a adivinhar o que se segue. Pois. A princesinha acaba, por capricho do pai, casada com um músico mais ou menos mendicante. Este põe-na a viver na pobreza e a trabalhar, ensinando-lhe o que a vida custa, e a rapariga, entre privações e humilhações, lá acaba por se arrepender da anterior soberba. E aí tudo muda, revela-se que o músico mendicante era na realidade um rei (o do título) disfarçado e o conto acaba com o inevitável viveram felizes para sempre, sem que de fantasia contenha mais que disfarces tão perfeitos que a rapariga encontra várias vezes o marido disfarçado e não suspeita de nada.

Trata-se, claro, de uma história cautelar para meninas, destinada a inculcar nelas a ideia de que a soberba, o orgulho e a desobediência são maus conselheiros. E também é mais uma das histórias construídas pelos Grimm a partir de vários contos diferentes. Neste caso são três, e o trabalho de fusão é bem sucedido, pois a história resultante é coesa e lógica. Não muito boa — não foi uma das que se transformaram em clássicos — mas funciona.

Contos anteriores deste livro:

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