Nesta História de um Ladrão de Sepulturas, Italo Calvino combina elementos díspares mas já conhecidos para criar um continho interessante de três páginas sobre aquilo que o título indica. Usando a técnica de enredos movidos a tarot, obviamente, Calvino vai buscar a história do feijoeiro mágico e as suas próprias Cidades Invisíveis e conta a história de um jovem que andava a roubar sepulturas até que desce a uma na qual encontra uma árvore em crescimento rápido, que por sua vez o leva a uma cidade nas nuvens.
O que esta história tem de mais interessante é o elemento alegórico que Calvino consegue incutir-lhe, apesar das limitações que se impõe e dos elementos algo recauchutados que utiliza. Não que seja incomum que histórias deste género incluam a alegoria na sua composição (as histórias tradicionais estão cheias dela, por exemplo), mas aqui ela é introduzida de uma forma que quando surge é algo surpreendente e isso contribui para dar vida à história.
O resultado é um continho que me pareceu melhor do que os anteriores, por estar menos dependente do artifício para funcionar, e porque o próprio artifício é aqui um pouco diferente do que aparece nas histórias antecedentes (o contador gesticula, não se limita a pousar cartas na mesa). E também, talvez, por ser mais curto, o que o torna mais objetivo?... Talvez. Não sei bem.
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