terça-feira, 28 de maio de 2019

Italo Calvino: História de um Ladrão de Sepulturas

Nesta História de um Ladrão de Sepulturas, Italo Calvino combina elementos díspares mas já conhecidos para criar um continho interessante de três páginas sobre aquilo que o título indica. Usando a técnica de enredos movidos a tarot, obviamente, Calvino vai buscar a história do feijoeiro mágico e as suas próprias Cidades Invisíveis e conta a história de um jovem que andava a roubar sepulturas até que desce a uma na qual encontra uma árvore em crescimento rápido, que por sua vez o leva a uma cidade nas nuvens.

O que esta história tem de mais interessante é o elemento alegórico que Calvino consegue incutir-lhe, apesar das limitações que se impõe e dos elementos algo recauchutados que utiliza. Não que seja incomum que histórias deste género incluam a alegoria na sua composição (as histórias tradicionais estão cheias dela, por exemplo), mas aqui ela é introduzida de uma forma que quando surge é algo surpreendente e isso contribui para dar vida à história.

O resultado é um continho que me pareceu melhor do que os anteriores, por estar menos dependente do artifício para funcionar, e porque o próprio artifício é aqui um pouco diferente do que aparece nas histórias antecedentes (o contador gesticula, não se limita a pousar cartas na mesa). E também, talvez, por ser mais curto, o que o torna mais objetivo?... Talvez. Não sei bem.

Contos anteriores deste livro:

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