No meio do enorme manancial de histórias tradicionais protagonizadas por grupos de três irmãos, irmãs ou outros trios menos fraternais, e que invariavelmente envolvem ora uma progressão do primeiro para o último dos membros do trio, numa característica qualquer, ora um contraste entre os dois primeiros e o terceiro nessa característica, há um subconjunto bastante curioso em que o terceiro membro do trio é por toda a gente visto como tolo mas acaba por se sair melhor do que os outros dois das provações a que é sujeito.
É neste subconjunto que se integra O Pássaro Dourado, conto que os Irmãos Grimm terão alterado pouco, pelo menos se a interpretação que faço da nota correspondente a este conto é a mais correta.
Aqui, os três irmãos são filhos de um rei, encarregados primeiro de ficar de vigia para saber por que motivo os frutos dourados de uma árvore que o rei tinha estavam a desaparecer, tarefa de que o tolo já se sai melhor que os irmãos, e depois para encontrarem e trazerem ao pai o pássaro dourado que se revelou ser o culpado dos roubos. Coisa que depois de muitas peripécias o último dos três irmãos acaba mesmo por conseguir fazer, graças em grande medida a ter travado amizade com uma raposa muito mais inteligente do que ele.
É um conto bem feito, ainda que consista muito de elementos reutilizados de outras histórias (ou as outras histórias consistem de elementos reutilizados desta, sabe-se lá), um conto moral que procura incutir a muito comum ideia de que ter bom coração e/ou ser trabalhador vale mais do que ser inteligente (não que os irmãos do protagonista o sejam muito, convenha-se), mas a verdade é que não é daqueles contos tradicionais que perduram na memória. Está numa segunda linha de histórias interessantes mas não muito.
Contos anteriores deste livro:
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