sexta-feira, 12 de março de 2021

Mia Couto: Sangue da Actriz no Cinema da Vida

Tinha de acontecer um dia, era inevitável. Por mais que se goste do que escreve o autor xis, é impossível gostar de tudo o que o autor xis escreve. Há sempre algum trecho, ou conto, ou crónica, ou romance, ou lista de compras, ou o que seja, que nos deixa com uma sensação de desagrado e deceção após a leitura. E de pena. Aquela sensação de «pronto, borraste a pintura». Por isso, de resto e perdoe-se-me o parêntesis, a leitura de uma só obra nunca poderá servir para avaliar até que ponto Fulano escreve de forma que nos agrade.

Pois eu, que gosto muito de Mia Couto, senti isso mesmo ao terminar a leitura deste seu Sangue da Actriz no Cinema da Vida.

É um conto sem nada de fantástico, mas não foi isso o que me desagradou nesta história de namoro e tentativa de sexo, tentativa apenas, frustrada por incapacidade do homem em manter a ereção. O que me desagradou foi a súbita violência, muito gratuita, e a forma dir-se-ia compreensiva com que Mia Couto a retrata. Incomoda. E, pior do que incomodar, é incongruente em absoluto com o tom poético da prosa.

Não. Não gostei desta história. Venha a próxima.

Textos anteriores deste livro:

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