Há sempre, ou quase, qualquer coisa de alegoria nas histórias fantásticas de Mia Couto, mas de vez em quando aparece uma em que esse qualquer coisa parece inchar em coisa toda. O Homem com um Planeta Dentro é uma dessas histórias.
A alegoria é bastante clara. O protagonista da história é um homem que um belo dia deu em sonhador, afastando-se do lado prático da vida e deixando-se ficar sentado a ver tudo o que tinha dentro. Que tudo é esse foi o que o médico que foi consultar lhe explicou: um planeta inteiro, provavelmente a Terra, com todas as vidas e por inerência as histórias que um planeta pode conter.
Trata-se, bem entendido, de um conto em defesa dos criadores de histórias. Não só dos escritores como o próprio Couto mas também dos escritores. Um conto que procura mostrar que o ser humano precisa de histórias para sobreviver, tal como precisa de pão, que as histórias, a imaginação, a fantasia, são inerentes à própria condição humana. E que, por isso, os criadores de histórias devem merecer todo o respeito. Que lhes devem ser dadas as condições para que as criem.
Só tenho simpatia por tais sentimentos.
Textos anteriores deste livro:
Sem comentários:
Enviar um comentário
Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de abusadores. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.