Outra historinha bonita, este Pescador na Ida, Herói na Chegada. Mia Couto conta-a como facto acontecido com ele, e provavelmente foi-o mesmo, pelo menos nas suas linhas gerais. Num barco, a caminho de uma ilha, a embarcação em que segue depara com outra, onde o único ocupante pede ajuda. Porquê? Porque "o vento não funciona". O barco está à deriva, sem rumo, e ele, segundo se vem a saber mais tarde, já está no mar há vários dias sem conseguir regressar a terra.
Pior é ter partido numa missão da qual regressa em fracasso. Mas ao chegar ao porto, a história que se conta é outra, uma história em que o pescador se vê surpreendido na pele de herói de uma história que só em traços vagos se assemelha à sua, rodeado e abraçado por uma família que já o julgava perdido. E Couto, ou a personagem que Couto encarna, confirma essa história, perante o agradecimento mudo do homem.
Esta é daquelas histórias que deixam um gatinho a ronronar no coração de quem aprecia a solidariedade humana. E quanto à literatura, é um Mia Couto bastante típico que aqui se pode encontrar.
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