Nas mãos de um Bradbury, esta ideia daria um conto magnífico, mas se há algo que já ficou claro relativamente a Ângelo Brea é que ele é, de uma forma geral, bastante melhor a ter ideias do que a pô-las em prática. Dito isto, este O Varredor é significativamente melhor que os dois últimos contos do livro. E não só por causa da ideia; a própria concretização está bastante mais competente.
Mas apenas competente. Falta-lhe, para subir a um patamar superior — pelo menos neste conto — livrar-se da tendência para o excesso de explicação e para pôr personagens a explicar umas às outras coisas que todas sabem. E haveria aqui material para essa subida. Não só a ideia é realmente boa como a história que Brea conta é bonita, e ele consegue ter sucesso a sugerir um determinado caminho para ela, trocando as voltas ao leitor, num efeito muito propositado de reorientação narrativa.
Não estragarei esse efeito explicando do que se trata. Direi apenas que o protagonista é pai e tem uma profissão de que o filho se envergonha. Ou, na verdade, toda a família. Sim, é varredor, como o título indica. E a princípio pensamos que não há nessa atividade nada que a diferencie daquela que conhecemos dos dias de hoje. Mas estamos perante um conto de ficção científica, pelo que talvez não devêssemos fazer tal suposição.
Bradbury faria disto uma obra-prima. Brea faz um conto ternurento mas não particularmente bem conseguido.
Contos anteriores deste livro:
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