Enquanto lia esta história dos Irmãos Grimm, foi-se desenvolvendo uma forte sensação de déjà vu. Não é coisa incomum; muitas são as histórias populares que partilham elementos com outras histórias, e quando as lemos vamos reencontrando as mesmas ideias e as mesmas estruturas com bastante frequência. Mas aqui, a sensação foi mais forte do que é hábito, e eu às tantas dei por mim a tentar perceber onde teria visto estes elementos. Nalguma outra história dos Grimm? Nos Contos Populares Portugueses do Adolfo Coelho?
O mistério desfez-se ao ler a nota que, como é hábito, os Grimm anexaram à história. Os Filhos Dourados, diz-se nessa nota, "é basicamente idêntico ao conto Os Dois Irmãos", aqui comentado há cerca de dois anos. Confesso já não me lembrar praticamente nada desse conto, o que, lendo o que então escrevi sobre ele, não me surpreende nem um pouco. Seja como for, a história que aqui se conta ressoa muito a coisa já lida, pelo que se calhar até me lembro. Um homem pesca um peixe, este pede-lhe que o liberte, prometendo em troca um milagre, o que o homem faz. O milagre aparece, na forma dos filhos dourados de que fala o título. E estes vão despertar a cobiça dos gananciosos que lhes puserem a vista em cima, o que irá pôr um deles em risco iminente de perder a vida, levando o outro a tentar socorrê-lo.
Talvez por ser mais curto, embora também não seja dos contos mais curtos incluídos neste volume, talvez por ser antecedido por contos muito mauzinhos, não saí desta leitura tão mal impressionado como da leitura d'Os Dois Irmãos. Não fosse o intenso déjà vu, e teria achado esta história realmente interessante. O déjà vu estraga um pouco a experiência de leitura. Mas o certo é que, apesar disso, esta leitura não me aborreceu. É bom sinal.
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