Não sei bem porquê, embora tenha as minhas suspeitas, mas o certo é que este conto de Jeronymo Monteiro, um dos autores clássicos da ficção científica brasileira, me fez lembrar bastante um autor clássico da ficção científica americana: Clifford D. Simak. Mais concretamente uma das obras deste: Estação de Trânsito.
Não que A Casa de Pedra (bibliografia) seja uma espécie de Estação de Trânsito tropical. Na verdade, até a sua inclusão na ficção científica está dependente de uma dose considerável de interpretação, pois o conto é vago o suficiente para deixar aberta essa possibilidade mas a sua estrutura e história aproximam-se mais de um fantástico sobrenatural do que da FC, por mais soft que esta seja. Mas há uma certa atmosfera em comum, um lugar isolado onde coisas inexplicadas acontecem, e pessoas que estão por dentro do mistério, mesmo que provavelmente não o compreendam, a agir por forma a que tudo continue nos devidos eixos.
Aqui estamos no estado de São Paulo, numa zona selvagem onde se ergue a tal Casa de Pedra, que mais não é que uma laje inclinada. Um grupo de três homens dirige-se até lá, nunca chegamos a saber ao certo porquê nem para quê, e um deles, um homem da região cujo português está repleto daqueles erros típicos das pessoas sem instrução, diz aos outros o que fazer. E os outros fazem, entre o divertido com toda aquela excentricidade e o perplexo. Depois acontece o tal inexplicado.
Bastante bem escrito, narrado com bom ritmo, com tudo no lugar devido, este é um conto que explica por que motivo Monteiro teve a projeção que teve. Não me parece que seja obra-prima nenhuma mas é sem dúvida um bom conto.
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