sábado, 18 de junho de 2022

Vítor Frazão: Se Uma Árvore Cai na Floresta...

A violência, para ser realmente eficaz na literatura, deve ser usada com conta, peso e medida. Isto não quer dizer que deve ser pouca, uma vez que há histórias extremamente eficazes e extremamente violentas. Quer dizer que deve ser usada com conta, peso e medida. Nas quantidades certas, nos sítios certos, da forma certa por forma a servir a história em lugar de se substituir à história.

De nada serve, por exemplo, quando é usada antes ainda de o leitor poder estabelecer uma espécie qualquer de relação com as personagens. Quando a história abre já em paroxismos de violência, como neste conto de Vítor Frazão, o destino das personagens fica perdido na indiferença de quem já percebeu que não vão durar muito. Sem preparação, a violência é mero spoiler, e nem a tentativa de final surpresa resulta, pois numa história hiperviolenta qualquer final que não seja a morte é anticlimático. Possível, mas anticlimático e por isso improvável.

A ideia deste Se Uma Árvore Cai na Floresta... podia ter dado um bom conto... se fosse significativamente mais extenso, se construísse a tensão antes de a fazer explodir, se gerasse alguma espécie de empatia com as personagens, se não tentasse sem conseguir deixar o leitor sem fôlego. Mas como não faz nada disso, resumindo-se à violência, não é. É um conto fraco de horror sobrenatural que não gera realmente nenhum horror que se veja.

Mais uma ideia desperdiçada...

Contos anteriores deste livro:

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