domingo, 12 de junho de 2022

Irmãos Grimm: A Luz Azul

A velha contaminação cruzada tão típica das histórias populares parece ter voltado a afetar mais uma, pois neste A Luz Azul, embora os Irmãos Grimm não façam a isso referência na nota que, como é hábito, acompanha o conto, encontro alguns ecos da Cinderela.

Não que a história em si seja semelhante. Aqui o protagonista é, mais uma vez, um soldado desmobilizado e abandonado ao deus-dará (ajuizando por estas histórias era prática corrente na guerreira Europa a carne para canhão ficar entregue a si própria assim que terminavam as guerras que o capricho das cabeças coroadas criava), o que o leva a partir mundo fora em busca de forma de sobreviver. Como noutras histórias, descobre-a e nela encontra magia. Mas ao contrário de muitas, aqui o soldado resolve vingar-se do rei que o maltratara, ainda que o alvo da vingança seja inicialmente a filha.

O resultado é um conto que não é memorável, longe disso, mas que não deixa de ter o seu interesse, sobretudo pela subversão que nele se entrevê. Não é frequente encontrar nestas histórias alemãs um tão claro desrespeito pelas hierarquias sociais.

Contos anteriores deste livro:

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