sexta-feira, 15 de julho de 2022

Virgílio Várzea: A Vela dos Náufragos

Não surpreenderá ninguém que reconheça o design de capa (e o logotipo) que podem ver aqui ao lado que vos diga que este conto de Virgílio Várzea é sobre o mar, mesmo que não houvesse também o título de A Vela dos Náufragos a não deixar nenhum espaço para dúvidas. O título, de resto, logo indica que não é apenas sobre o mar e sim sobre naufrágios, e o conteúdo confirma.

Mais concretamente, é um conto sobre o perigo inerente à faina marítima e sobre a angústia de quem fica em terra e espera por notícias quando se sabe de tormentas e os marinheiros não regressam na altura prevista. E funciona, não digo que não. Mas apesar de Várzea, segundo julgo saber, se ter rebelado contra o romantismo literário, este seu conto ainda está imbuído de muitos tiques desse romantismo. Não tem fantástico, mas tem tragédia de faca e alguidar, tem uma adjetivação tão omnipresente que chega a tornar-se ridícula e tem vírgulas. Tem carradas e carradas de vírgulas.

São estilos? Sim, são estilos. Não há na escrita de Várzea nada que se possa apontar como incorreto. Mau gosto não é incorreção; não propriamente, pelo menos. Mas que é um estilo que detesto, é. E como a história se torna previsível assim que os seus alicerces e abordagem ficam estabelecidos, a leitura depressa se torna desagradável e a história arrasta-se penosamente até ao fim.

Isto está longe de ser grande literatura, e mais longe ainda está de ser literatura que me agrade minimamente. Não, não gostei.

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