É interessante mas tem vários defeitos, este conto de Pedro Cipriano ambientado num futuro indeterminado em que Portugal e, pelos vistos, também a Galiza, está mergulhado numa guerra civil travada com tanques e nenhuma tecnologia a que se possa chamar futurista. O ambiente parece decalcado das histórias de guerra ambientadas na II Guerra Mundial, e esse é um dos seus defeitos. Há uma incongruência entre o futuro em que a história se passa (e é mesmo futuro, não um presente alternativo, visto haver referências a uma Europa unida) e o nível tecnológico que apresenta.
Também é demasiado curto, este A Passagem Uivante (bibliografia), o que leva ao aparecimento de infodumps e "como-sabes-zés", usados para fornecer rapidamente a informação de que o leitor precisa. Um conto mais longo teria espaço para transmitir essa informação de uma forma mais agradável e também para desenvolver melhor as personagens, o que ajudaria a criar empatia, o que por sua vez aumentaria o interesse pelo seu destino. Assim tudo parece apressado e um tanto ou quanto incompleto. A quase todos os níveis.
Mas apesar disso, é um conto com o seu interesse por falar de liberdade e dos seus limites, e das escolhas que subsistem quando esses limites são atingidos. Podia ser melhor? Podia. Mas não é mau.
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