A Lusitânia, lá por fora, julgo que seria englobada na categoria dos semiprozines, i.e., publicações periódicas intermédias entre a edição amadora e a profissional, muito embora também existam fanzines propriamente ditos (i.e., publicações amadoras) com uma abordagem ao ato de editar muito semelhante a esta.
Foi uma iniciativa de vida curta, como acontece quase sempre entre nós, e este é o seu número 1 (bibliografia). A ideia era publicar contos de todos os ramos da ficção especulativa, desde que tivessem alguma coisa a ver com a realidade portuguesa. Daí o nome do zine.
É uma ideia com mérito, mas dado o sempiterno caráter anémico da produção e do consumo de FC&F em Portugal, era também uma ideia praticamente condenada à partida. Se iniciativas abrangentes, que aceitam todos os tipos de coisa, depressa morrem à míngua de histórias com um nível de qualidade minimamente aceitável, tentativas como esta, que restringem os autores (e os leitores) a um tipo específico de produção, têm obviamente uma dificuldade acrescida para se sustentarem. E nem falemos da parte económica da questão, que só permite a sustentabilidade de coisas puramente artesanais, ou então de veículos com uma vertente de marketing importante, como a Bang!
Dito isto, é ótimo que estas pedradas no charco estagnado da FC&F portugesa apareçam de vez em quando. Há sempre a possibilidade de alguma pegar, por ínfima que seja. E sempre se dá escoamento (ou até estímulo) a alguma produção.
Melhor ainda quando a publicação não tem maus contos, como aqui acontece. É certo que também não tem nenhuma história que realmente se destaque, nenhuma história que mereça o qualificativo de muito boa, mas tem várias histórias boas e as que não chegam a tanto são no pior dos casos razoáveis. Não é muito comum que tal aconteça, o que é um ponto claro a favor desta revista. Devo dizer que me surpreendeu pela positiva: esperava a habitual mistura de contos bons e fracos ou menos que isso, com o ocasional conto muito bom ou muito mau a destacar-se do conjunto, mas encontrei um grupo de histórias bastante mais equilibrado do que contava encontrar.
E como nenhuma das histórias realmente se destaca, não destacarei nenhuma aqui. Vejam nos links abaixo o que achei sobre cada uma. Digo apenas que sim, esta é uma leitura que, sem ser obrigatória, sem incluir nada que vá ficar na história da FC&F portuguesa (a menos que alguém pegue nalguma destas ideias e a desenvolva em obras mais elaboradas, claro, o que é sempre uma possibilidade), vale a pena ser feita. Costumo dizer que vale a pena ler todas as publicações que incluam nem que seja um conto muito bom ou vários bons, e esta tem vários contos bons.
Sim. Noutro país, o semiprozine teria tido pernas para andar. Neste, existe, o que já não é mau.
Eis o que achei de cada um dos contos aqui incluídos:
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