Outro conto explicitamente lovecraftiano, este A Nave do Silêncio (bibliografia). Mas aqui, como Miguel Carqueija mistura ficção científica razoavelmente clássica aos temas lovecraftianos, o resultado não é o melhor.
Um tripulante de uma nave numa viagem de longa duração desperta da animação suspensa e vai deparar com a nave vazia. E está explicado o título. É uma ideia que poderia resultar num bom conto, mesmo com Lovecraft à mistura, se o autor tivesse sabido encontrar uma forma narrativa capaz de transmitir a angústia e de manter o suspense da situação, pois poucas coisas sustentam melhor uma história que um bom mistério.
Mas não soube. O que aqui está é um misto de relatório com narrativa pessoal, muito pouco envolvente, um infodump quase em estado puro sem nada de interessante na parte mais puramente literária da questão. A brevidade do texto ajuda a piorá-lo, pois esta história, para ser bem contada, para transmitir toda a informação relevante ao mesmo tempo que cria um ambiente e narra a investigação conducente ao desvendar de um mistério, precisaria de muito mais que cinco páginas. Talvez cinquenta não fossem demasiadas.
Velhíssima pecha de tantos autores lusófonos, esta de não deixarem as histórias respirar na extensão que pedem. O resultado é quase sempre fraco, e aqui não estamos perante uma exceção.
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